Os Cristãos e o Jazz
Cristãos que estão interessados em música, se são realmente sérios
sobre fazer a vontade de Deus, precisam, em algum momento, enfrentar o
problema do jazz. Por um lado, houve um tempo em que o jazz (como muitas
outras práticas agora encontradas nas igrejas) era considerado como uma
ferramenta do diabo. Por outro lado, um grande número de cristãos
sinceros sente, hoje, que o jazz é uma forma de arte totalmente
aceitável. E, diferentemente da
música rock, que é não apenas falida
espiritualmente, mas esteticamente fraca, o jazz pode declarar-se
possuidor tanto de sofisticação musical quanto respeitabilidade
estética. Assim, temos a pergunta:
O discernimento espiritual da igreja
se tornou nebuloso com o tempo, ou o jazz se tornou – ou talvez sempre
tenha sido – algo desejável para os cristãos?
Baseado em tudo que já foi apresentado neste artigo, gostaria de
sugerir uma maneira de olhar o jazz que me ajudou a lidar com essa
questão.
Sustento que o jazz é impróprio para os cristãos por dois motivos
básicos: primeiro, sua origem e utilização – e o que isto implica em
termos de significado; segundo, a natureza básica da própria música –
especialmente a qualidade “física” óbvia deste estilo.
O jazz teve sua origem em um amálgama de vários
estilos diferentes, mas relacionados. Estes incluiriam
a música
evangélica negra e o que é chamado de “Blues”. Outro importante
antecedente seria a música das cerimônias de Vodu da África Ocidental,
trazidas para a América com o tráfico de escravos. A descendência destes
vários elementos foi criada, nos primeiros anos, principalmente nos
bordéis e clubes noturnos de Nova Orleans. A natureza sórdida de tudo
isso se torna mais clara quando aprendemos que o termo “jazz” era
originalmente um eufemismo para o ato sexual, a palavra com “F” de uma
geração anterior.
(*)
Uma referência útil para alguns destes fatos a respeito do jazz podem ser encontrada no livro
Planet Drum (Planeta Tambor). Cito duas passagens relevantes.
“Aquelas culturas que escolheram ter acesso aos altos domínios – o
mundo espiritual, o outro mundo, Céu, Vahalla, consciência
transpessoal, o inconsciente coletivo, chame isso como preferir –
freqüentemente usaram algum tipo de ruído ritmicamente controlado para
facilitar a comunicação. Os xamãs dizem que eles “cavalgam seus
tambores” para a Árvore Mundial. As culturas da possessão clássica dizem
que os Orixás, os espíritos ancestrais, cavalgam no ritmo do tambor,
descendo até os corpos dançantes. Tambores de trabalho, tambores de
dança, tambores de guerra, tambores de transe. Como a música rítmica
serve como catalisadora para a transformação? Que papel o músico
desempenha?
Quanto treinamento é exigido antes que um tocador de tambor
possa lidar com estes poderosos ritmos de transe e não entrar em transe
ele mesmo? Que espécie de equilíbrio é necessária antes que possamos
dançar no limite da música e não cairmos?” (Hart, Lieberman & Sonneborn, Planet Drum, pp. 102).
“Alguns eruditos fazem uma conexão entre a possessão da África
Ocidental com as antigas culturas neolíticas da deusa mãe, mas há nove
mil anos atrás [sic] saíram da Europa Oriental para o que é hoje o
deserto do Saara. Quando o tráfico de escravos começou no século
dezessete, esta técnica de possessão e transe foi transportada para o
Novo Mundo.
Naqueles lugares onde os africanos receberam permissão de
manter seus tambores, ela se transformou em candomblé, santeria e vodu.
Na América [do Norte], onde os tambores foram proibidos por muitas
gerações, este legado de ritmo de danças de possessão e transe foi
separada de sua dimensão espiritual, tornando-se em vez disso, em jazz,
blues, rhythm and blues, e rock and roll” (Idem, p. 138).
Outra excelente referência é
African Rhythm and African Sensibility (Ritmo Africano e Sensibilidade Africana).
Depois de passar por uma cerimônia elaborada, envolvendo sacrifícios
de animais, etc., o Sr. Chernoff, um sociólogo, relata sua experiência
subseqüente conforme segue:
“Sendo um cético, não levei a cerimônia a sério, e pensei pouco
nela depois. O feixe de varas era muito cheio de nós para que eu me
preocupasse em colocá-lo debaixo do travesseiro.
Minhas reflexões sobre a cerimônia se tornaram um ponto
importante porque, embora seja somente um músico amador, consegui
aprender a tocar os tambores africanos...
Durante meus primeiros meses
em Gana, enquanto Gideão estava me levando a vários lugares para
demonstrar minhas habilidades, ele gastou somente uma tarde ou duas me
ensinando alguns ritmos de suporte. Mesmo assim, sempre que eu tocava
com Gideão nas cerimônias, parecia que eu nunca cometia erros. Às vezes
Gideão tocava ritmos para os quais eu nunca havia aprendido as
respostas, e ainda assim meu toque era correto. Tocar tambores nas
cerimônias é bastante difícil e eu era um real novato naquele tempo, e
mesmo assim ninguém ficou surpreso quando toquei bem e ninguém, nem
mesmo Gideão, fez qualquer referência sugestiva ao ritual quando me
cumprimentaram. Ao praticar szinho em meu quarto, eu não conseguia
manter de forma constante nem mesmo as respostas que havia aprendido” (John Chernoff, African Rhythm and African Sensibility, p. 15).
Creio que tais relatos, feitos por profissionais que não têm
absolutamente qualquer “agenda” espiritual a apoiar, deveriam fornecer
uma razão poderosa para que os cristãos se questionassem com algumas
perguntas muito sérias sobre o uso e a apreciação do jazz. Um estilo que
traz elementos importantes de cerimônias planejadas para facilitar o
transe e a possessão por espíritos não deveria levantar algumas
bandeiras vermelhas por parte daqueles que compreendem que
“não é
contra carne e sangue que temos que lutar, mas sim contra os
principados, contra as potestades, conta os príncipes do mundo destas
trevas, contra as hostes espirituais da iniqüidade nas regiões celestes” (Efésios 6:12)?
Minha segunda preocupação acerca do “jazz” é a natureza física deste
estilo. Ao longo de sua história, o jazz tem sido associado a danças e
outras respostas físicas que são rudes e vulgares. Parece haver algo
acerca deste estilo que, como alguém disse, “apela para os nossos corpos
do pescoço para baixo”. É claro que as marchas de Souza também apelam
ao “corpo”, mas as respostas físicas do jazz sempre tem sido de uma
natureza distintamente diferente do que as respostas à maioria dos
outros tipos de música.
Em conexão com esta qualidade do jazz deveríamos também perguntar,
Por que o jazz foi escolhido para ser utilizado primariamente em bordéis
e clubes noturnos? Certamente este não era o único tipo de música
disponível naquela época. Certas razões sociológicas têm sido sugeridas
para esta associação, e tais razões são claramente verdadeiras até certo
ponto. Mais importante, contudo, é que o jazz foi escolhido porque se
encaixava; ele tornava mais atraente o que acontecia nos distritos da
luz vermelha; o jazz estava em casa entre prostitutas e cafetões.
Um apoio para esta noção pode ser encontrado em um notável livro escrito por
Martha Bayles chamado Hole In Our Soul (Buraco em Nossa Alma), com o subtítulo,
The Loss of Beauty and Meaning in American Popular Music (A Perda da Beleza e do Significado na Música Popular Americana).
A autora levanta um ponto significativo em sua introdução, que nos ajudará a compreender todo o livro:
“Minha intenção não é esfregar seus narizes na lavagem mais
recente; qualquer crítico poderá fazer isso. Em vez disso, minha
intenção é explicar a situação: articular exatamente o que está errado,
mostrar de onde esta lavagem veio, e sugerir por que a música popular
não precisa ser desta forma. Ao contrário de muitos outros que têm
atacado a música popular ultimamente, faço isto a partir de uma posição
de profunda e duradoura simpatia. Neste sentido este livro não é um
arroubo, mas um trabalho de amor” (Martha Bayles,
Hole in Our Souls, pp. 3-4.).
Assim, a Sra. Bayles torna claro que está defendendo o que ela chama
de música popular “autêntica” (a qual inclui tanto o jazz quanto o rock)
contra uma legião de pretendentes esteticamente indignos – o que ela
chama de “lavagem”.
Como base aos seus argumentos através de todo o livro está este ponto
de vista subjacente: toda a música popular está baseada no erótico.
Aqui estão algumas dentre muitas e muitas referências que poderiam ser
citadas para demonstrar este ponto de vista:
“Existe um mundo de diferença entre o erotismo humano expresso em
formas afro-americanas, como o blues, e a obscenidade desumanizada que é
a preocupação perpétua e infantil do modernismo perverso” [que é como
ela descreve muito da tendência popular atual (em 1994)]. (Idem, p. 13)
[Ela fala daqueles que] “podem apreciar as belezas complexas da
música porque podem sentir a diferença entre o erótico, que preserva as
conexões entre o sexo e o resto da vida; e o obsceno, que as corta”. (Idem, p 72)
“Este contraste entre estilos de execução é paralelo à distinção
entre o erotismo e a obscenidade – uma distinção que em breve se
perderia nos jovens avatares do rock”. (Idem, p. 200)
Estas citações também podem ser usadas para sublinhar outro ponto
importante neste livro. Quando a Sra. Bayles lamenta a “perda da beleza e
do significado” da música popular, o que ela quer dizer é que a música
é, com muita freqüência, não apenas erótica (uma qualidade que ela
aparentemente admira), mas obscena (uma qualidade que ela deprecia).
Mais uma vez, como é possível que tal avaliação de uma defensora da
música popular não sirva de alerta para um cristão nascido de novo, para
que fique atento? Como pode ser que expor-se a uma música que é
obscena, ou mesmo “simplesmente” erótica, não seja uma coisa negativa
para aquele que deseja tornar-se
“puro de coração” (Mateus 5:8) ou que deseja seguir o conselho para pensar no que é
“bom”,
“verdadeiro” e
“puro” (Filipenses 4:8)?
Como cristão, vejo nas origens - ou na natureza “física”, erótica, do
jazz - razões suficientes para, pelo menos, fazer a mim mesmo algumas
perguntas sérias com respeito a como esta forma de arte poderia me
ajudar ou prejudicar em meus esforços para me tornar mais como Jesus.
Gostaria, agora, de prosseguir com algumas objeções que são freqüentemente levantadas com relação a essas duas idéias básicas.
1) Com relação à questão das origens do jazz, com freqüência é
colocado o argumento que esta é uma objeção inválida, uma vez que os
cristãos consideram como aceitáveis muitas práticas que também possuem
origens pagãs – a Páscoa e o Natal sendo exemplos principais.
As origens destas duas festividades provavelmente não pode ser
negada, mas a real questão é: Elas ainda são pagãs em sua natureza? Eu
sugeriria que até o ponto em que elas ainda são pagãs, não são adequadas
para a celebração cristã.
Se a Páscoa não é mais do que uma forma de
adoração ao sol ou uma celebração de rituais de fertilidade, envolvendo
“ovos” e coelhos, então ela ainda é essencialmente pagã. Se o Natal é só
sobre Papai Noel e duendes juntamente com um espírito totalmente
comercial, ele também ainda é pagão. Creio que se estas celebrações não
colocam ênfase no nascimento ou na ressurreição de Jesus, não foram
realmente “cristianizadas” e provavelmente não sejam espiritualmente
sadias para nós.
Seguindo a mesma linha de raciocínio, eu sugeriria os seguintes tipos
de perguntas com relação ao jazz: Os elementos pagãos herdados dos
rituais vodu foram erradicados? (Temos mesmo certeza sobre o que são
todos estes elementos?) O uso do jazz ao longo das últimas décadas
sugere que ele foi realmente “cristianizado”?
2) Freqüentemente também é levantado o argumento de que, embora o
jazz realmente tenha tido suas origens em circunstâncias realmente
desagradáveis, ele se tornou música de concerto séria e, portanto, foi,
de alguma forma, “higienizado”. Se o jazz fosse utilizado apenas como
música de concerto, alguém poderia tentar defender ser este o caso.
Contudo, tenho amigos que ainda tocam jazz para as pessoas dançarem;
portanto, pelo menos em alguns lugares, o jazz não é exclusivamente
música de concerto.
(E, até onde eu sei, o jazz ainda pode ser usado em
bordéis também.)
Alguém poderia perguntar: O uso em “concertos” altera necessariamente
a natureza do jazz? Em caso afirmativo, como exatamente isto ocorreria?
O periódico USA Weekend de 1-3 de Dezembro de 1989 apresentou uma
entrevista com Wynton Marsalis, um dos mais importantes jazzistas de
nosso tempo. O título do artigo era “Wynton Marsalis Sexy”. Ao lado da
primeira página em letras grandes, dizia: “O jazzista em seu novo LP de
final de ano, cheio de gás.” Aqui estão alguns dos diálogos que fizeram
parte da entrevista:
Entrevistador: Qual é a grande idéia em fazer Noite Feliz soar
sexy e Glória ao Rei Que vos Nasceu soar excitante? Você não acha que as
pessoas vão ficar preocupadas e pensar “Não há mais nada sagrado”?
Marsalis: Temos estado fazendo estas canções na estrada por oito
anos. As pessoas vem assistir e eles amam a música. Eles reconhecem que
“sexy” é parte daquilo que a “América” é. Essas canções foram escritas
por europeus, mas quando as apanhamos, nós as tornamos americanas. É
como o que Duke Ellington fez com a suíte “O Quebra Nozes” [de
Tchaikovsky].
Entrevistador: Mas aquilo não foi sexy...
Marsalis: Oh, sim, foi. Duke foi um dos músicos mais sexy que já viveu.
Entrevistador: O que há no blues que o torna tão sexy?
Marsalis: É uma compreensão profunda do que acontece entre um
homem e uma mulher, do que acontece entre as pessoas em seu
relacionamento com a natureza, e do amargo e do doce.
(Estes profundos pensamentos sobre os relacionamentos humanos provêm
de um homem que também é descrito como sendo “impaciente acerca de
assuntos como sua namorada que mora com ele e seu filho de um ano e
meio” – certamente uma fonte importante de lições sobre questões
éticas!)
Se o jazz na sala de concerto é completamente uma “forma de arte”
pura, sem qualquer das implicações de sua história, por que Marsalis, um
artista de concertos de jazz, a chamou de “sexy”?
Agora, para sermos
justos, deveríamos notar que o termo “sexy” pode ser usado de duas
formas diferentes. Ele pode significar (a) “perspicaz”, “chique” ou “da
moda” (como em “a fome mundial é um assunto sexy hoje em dia”) ou (b)
simplesmente erótico. Qual forma estava sendo utilizada na entrevista?
Se “sexy quer dizer somente “da moda”, por que seu álbum foi descrito
como “cheio de gás”? – certamente um eufemismo para sexualmente
provocativo. E se “sexy” significa “chique” ou “perspicaz”, por que
Marsalis fala sobre “o que acontece entre um homem e uma mulher”?
Em maio de 1990 tive uma conversa com um bom amigo que dirigia a
banda de jazz e ensinava História do Jazz em uma faculdade perto de onde
eu morava. Nesta conversa aprendi que por vários anos na década de 1980
meu amigo havia sido um músico free-lancer na cidade de Nova Iorque.
Uma de suas ocupações principais durante aquela época era tocar em um
show musical. Ele não era membro da orquestra regular do teatro, mas era
parte do “elenco”, já que tocava com um grupo de jazz no palco por três
vezes durante cada show.
Presumivelmente, seu grupo emprestava um
sentimento de autenticidade ao show, cujo título era... “O Melhor
Pequeno Prostíbulo Do Texas”. O sucesso deste show sugeriria que até os
anos 80 ainda havia uma conexão evidente – para aqueles que entendiam
dessas coisas – entre o jazz e os prostíbulos. Posso apenas concluir que
a utilização do jazz em salas de concerto não quebrou o relacionamento
desta música com suas origens.
3) Algumas pessoas afirmam que o jazz simplesmente não os afeta
fisicamente de forma alguma que seja do tipo vulgar ou rude. Talvez não.
Mas estamos sempre seguros sobre como estamos sendo afetados pela
música?
O campo da psicologia da música, como sugerido anteriormente,
tem demonstrado quão poderosa é a música,
e como ela nos influencia em
níveis fora de nosso controle volitivo. Sendo assim, precisamos nos
perguntar se queremos ser influenciados da maneira como o jazz tem
influenciado comumente as pessoas, mesmo se esta influência possa ser
menor explícita agora do que em outros tempos e lugares.
4) Outro argumento freqüentemente apresentado é essencialmente o
seguinte: Como podem todos estes cristãos bem educados estarem errados a
respeito de algo como o jazz? Em resposta, os seguintes tipos de
perguntas precisam ser feitas: Deveria o certo e o errado ser baseado
naquilo que a maioria pensa? De fato, a maioria alguma vez esteve certa
acerca de qualquer coisa que seja espiritual? Como muitas outras
práticas maléficas (sexo pré-marital, o uso do álcool, o divórcio
praticamente casual, etc.) simplesmente alcançaram ampla aceitação entre
os cristãos? Isto não demonstra simplesmente que os cristãos perderam o
seu senso de certo e errado? Os cristãos devem sempre viver por padrões
mais elevados do que os do mundo ao redor deles. Não devem perguntar:
Isto parece ser bom? Outros estão fazendo isto? Eles devem perguntar:
Isto é certo?
Isto expressa a vontade de Deus?
Os Cristãos e o Rock
O termo
“rock ‘n’ roll” foi cunhada em 1951 por
Allan Freed, um disk jockey de Cleveland, Ohio e, como o termo “jazz”,
também originou-se de um eufemismo para a prática sexual
(**).
E, da mesma forma que o jazz, a música rock tem uma longa história de
estar associada a tudo o que é anti-cristão.
Ainda assim, este estilo é
um dos elementos que mais permeiam a sociedade americana da atualidade e
tem se tornado uma parte principal nas vidas de muitos cristãos. Sendo
assim, o cristão pensante deve analisar o problema de como de relacionar
com esta forma de entretenimento.
É um fato bem conhecido que muitos cristãos tem se oposto à música
rock desde o seu surgimento.
Mas como os escritores da imprensa secular,
aqueles que presumivelmente seriam amigáveis ao rock, vêem este estilo?
E como os criadores e executantes desta música vêem a sua arte? As
citações seguintes cobrem um período de quase quarenta anos, e ainda
assim, demonstram uma consistência interessante. Eu sugeriria que estas
citações fossem lidas tendo Filipenses 4:8 como referência principal.
Hifi/Stereo Review, Artigo sobre "Canção Popular" 1/64:
A diferença mais marcante [das canções dos anos 20 e 30] era a
distinta, mesmo que indireta, sexualidade que veio com Sinatra e tem
sido a fonte da popularidade dos cantores masculinos desde então.
High Fidelity, Artigo sobre Folk Rock, 12/68:
Houve um tempo em que o amor sem sexo era o grande tema das
canções folclóricas; as de hoje fazem uma rapsódia do sexo sem amor...
Desde o ataque de Londres à Restauração os cantores populares não têm
sido tão explícitos e tão carnais... “Vamos passar a noite juntos”,
convidam os Stones, e o seu gerente declara cinicamente, “Música pop é
sobre sexo e você precisa bater na cara deles com isso.”
Time, Seção de Música, 3/1/60:
Em um certo sentido, o rock é revolucionário. Por sua batida e
seu som, sempre rejeitou implicitamente as restrições e celebrou a
liberdade e a sexualidade.
Time, Seção de Vida Moderna, 28/2/69
O artigo fala da... preocupação com sexo e drogas que é parte integrante da cultura do rock
Newsweek, Minha Vez, 6/5/85:
Uma que se considera uma conhecedora de rock diz:
Estou preocupada com a quantidade de canções de sucesso que só podem
ser chamadas de rock pornô, e com a sexualidade sem gosto, gráfica e
gratuita que está saturando as ondas de rádio e se infiltrando em nossos
lares.
Newsweek, Seção de Justiça, 16/10/89:
Em Alexander City, Alabama, o proprietário da loja de discos
Tommy Hammond sabia que muitos pais na cidade não tinham muita paciência
com bocas sujas e mentes poluídas. Ele vendia os álbuns de rock e rap
vulgares, mas sempre os manteve atrás do balcão, fora da vista do
público... Jonhson [o advogado do proprietário da loja] argumenta que a
linguagem sexual vulgar sempre foi um elemento vital da música pop.
Union Bulletin, 5/1/90:
Fiona escreveu ou foi co-autora de todas, menos uma das canções
em seu recente lançamento de gravações. Seu dueto ("Everything you do
you’re sexing me") (“Em tudo o que você faz, você está me excitando”),
com Kip Winger, está atualmente nos dez primeiros lugares da MTV.
Localmente, está sendo colocada na lista negra por todas as estações de
rádio comerciais.
U.S. News and World Report, 19/3/90:
As bandas de rock responderam vigorosamente ao excruciante
desafio de como chocar aqueles que já estavam adormecidos. Você pode ver
como o dial [do rádio] foi girado somente olhando os nomes das bandas
de rock atuais. Os nomes de bandas que eram vulgares ou sexuais
costumavam ser ambíguos ou ocultos... Agora existem pelo menos 13 bandas
com nomes derivados dos genitais masculinos.
Newsweek, Piada da seção “Perspectives”, 16/4/90:
Nós penduramos sutiãs de Montana no Wyoming e calcinhas de Dakota
do Sul em Utah. (O cantor Steven Tyler, do Aerosmith, que gosta de
pendurar as roupas de baixo das fãs durante os concertos, a respeito dos
pontos altos da atual turnê da banda.)
Union Bulletin, Mike Royko, Janeiro de 1993 sobre Michael Jackson:
Mas, simplesmente como um observador casual da cultura pop, duas
revelações chamaram a minha atenção. Uma foi a resposta dele quando
Oprah lhe perguntou por que ele segura seus genitais quando está
cantando ou dançando.
Como os leitores podem recordar, esta é uma pergunta que eu
coloquei na semana passada depois de ver Jackson agarrar repetidamente
seus genitais durante a performance no Super Bowl. Bem, a música o faz
fazer isso. O ritmo poderoso o leva a isso. Como ele disse, “Sou um
escravo do ritmo.”
(Estas ações vulgares de Michael Jackson são colocadas em um
contexto mais amplo em um artigo da Newsweek intitulado “The Glorious
Rise of Christian Pop" (A Gloriosa Ascensão do Pop Cristão), de 16 de
Julho de 2001. O autor disse: Ele [o executante] gesticula como um
membro de alguma feroz gangue de rua, enquanto grita e ruge no
microfone, seu braço balançando baixo como se estivesse a caminho da
necessária agarrada nos genitais. Este movimento grosseiro é tão
integral ao rap-rock quanto o jogar beijos é para o show em bares, e é
comumente acompanhado por uma explosão de testosterona e vociferações
obscenas.”Se agarrar os genitais é necessário e integral à música
rock, aparentemente Michael Jackson não é o único que está envolvido com
este tipo de coisa.)
Union Bulletin, 23/2/93:
O vocalista da banda de rock Jackyl, Jesse James Dupree, foi preso por supostamente expor-se durante um concerto.
Dupree foi preso no sábado em uma investigação de ter cometido
uma exposição indecente e comportamento obsceno depois que pais
reclamaram sobre o show de 17 de Fevereiro na Arena Long Beach.
“O que eles estão dizendo é que ele foi visto completamente nu,
que ele havia exposto sua área genital e supostamente estava se
masturbando,” disse o tenente da polícia Stephen Andrew.
Dupree foi libertado sob fiança e deve comparecer a uma audiência
no tribunal em 4 de Março. O gerente da banda, Warren Tuttle,
recusou-se a comentar as acusações.
Em Janeiro Dupree declarou-se inocente por indecência pública por
supostamente haver abaixado suas calças no palco em Cincinnati.
Newsweek, Esportes, 15/3/93:
Patinação artística é o mais sensual dos esportes. Os parceiros
planam através da quadra – membros entrelaçados, rostos enlevados –
equilibrados em uma lâmina de aproximadamente um oitavo de polegada
(cerca de 30 milímetros) de largura.
E o que dizer doa americanos, pais da revolução sexual, dos jeans apertados, e dos ritmos sexuais simulados do rock and roll?
Union Bulletin, 19/5/93:
Um concerto da banda de música alternativa The Screaming Trees
(As Árvores Gritantes) foi interrompido antecipadamente, quando brigas
irromperam na multidão que havia invadido o palco.
Os problemas começaram durante a performance de abertura da banda
de Seattle Love Battery (Bateria do Amor), quando um membro da equipe
empurrou um fã para fora do palco, em cima da multidão.
Newsweek, Assuntos Nacionais, 1/11/93:
Vivemos em um tempo em que as taxas nacionais de homicídios
parecem não tem um limite de crescimento, quando a vulgaridade juvenil
se disfarça como comédia, e quando muito da música popular carrega
brutalidade, ódio às mulheres e rancor.
Newsweek, Música, 6/12/93:
Falando sobre música na CBGB, um lugar chamado de “o berço da uma revolução no rock”, o artigo descreve a ação:
No palco, alguma banda está tocando um horrível tipo de metal Led
Zeppelinesco. O vocalista está jogando a cabeça para trás de forma
teatral e esfregando sua pélvis contra o pedestal do microfone como um
vira-lata super excitado.
Union Bulletin, 11/12/95:
Uma nova revista fez uma lista de quem é mau e quem é bonzinho
neste Natal, verificando que somente 10 dos 40 álbuns populares à venda
nesta época de festas estavam livres de coisas profanas ou letras que
tratavam de drogas, violência ou sexo...
Newsweek, Música, 22/4/96:
Agora existe um novo álbum de Hottie [& Blowfish] sobre o
qual discutir. Alguns podem ler o título "Fairweather Johnson" (Johnson
Insincero) como uma referência a quem está mudando de lado, mas nós o
lemos como outra das insinuações sexuais de Hootie.
Newsweek, Estilo de Vida, 26/7/96:
Trechos de um artigo sobe “Roqueiros, Modelos e o Novo Apelo da Heroína”:
Ainda assim, não importa quão espertos nós nos consideremos, o
apelo da heroína persiste. Nos últimos dois ou três anos, a sua presença
na cultura pop cresceu dramaticamente...
Quando o álbum de 1991 do Nirvana intitulado “Nevermind” (Deixe
pra lá) chegou ao nr. 1, um conjunto de atitudes e comportamentos da
periferia da cultura pop de repente atingiu o mercado de massas:
vestir-se de forma rebelde, gritar realmente alto, tomar drogas, se é o
que você quer. As bandas mais reverenciadas levavam esta mensagem em
suas vidas, além de suas músicas. Uma vez que os garotos imitam os
astros do rock, estão predispostos a imitar seu uso de drogas. A
quantidade de bandas alternativas que têm sido ligadas à heroína porque
algum de seus membros tomou uma overdose, foi preso ou admitiu o uso ou
tratamento de recuperação é impressionante...
Pergunte aos executivos se existe um problema com a heroína no
negócio da música e mais de um deles responderá, “É claro.” “Está pior
do que jamais esteve”, diz um vice presidente de uma companhia de
gravações.
Union Bulletin, 5/10/96:
Sobre o mais recente programa de premiações de vídeo da MTV:
“Ele [Dennis Rodman] parece ser muito respeitoso,” disse o vocalista
Toni Braxton, que estava ganhou um premio com Rodman. “Ele não tira a
roupa nem nada igual a isto.”
O mesmo não poderia ser dito de Flea, que tentou sem sucesso
convencer a modelo Claudia Schiffer a tirar a blusa. Depois, ele se
virou e mostrou para a platéia uma lua cheia ou uma meia lua; ficou
difícil de dizer, conforme a câmera se afastou da cena.
Newsweek, As Artes, 10/8/98:
Falando sobre Liz Phair, este artigo diz:
Os fãs do rock ficaram extasiados com sua voz feminina cadenciada,
acordes distorcidos de guitarra e letras tão sexualmente explícitas que
fariam corar um caminhoneiro.
Newsweek, Artes e Entretenimento, 19/7/99:
Em um artigo intitulado "Long Live Rock’n’Rap" (Longa Vida ao
Rock’n’Rap) o autor descreve algumas das recentes alterações no cenário
da música popular. Duas citações demonstram como muitas coisas não
mudaram:
E como o fetiche retrô atual por todas as coisas do Rat Pack, o
rock’n’rap oferece aos homens brancos ansiosos uma chance de executar as
suas fantasias de machos alfa sem ter que assumir total
responsabilidade por elas. As mulheres parecem acompanhar. Como o
skatista Jerimiah Odem, que assistiu Limp Bizkit e Kid Rock em Dallas na
semana passada descreveu a experiência, “É uma Meca para as garotas. As
que chegam aqui tiram suas blusas.”
Em Del Mar, Califórnia, Marshall Mathers, mais conhecido como
Eminem, espera para entrar no palco. Os quatro meninos brancos (idades
de 9 a 11 anos) sortudos o bastante para conseguir passes para os
bastidores, estão ocupados demais olhando seu novo herói para notar a
loura de busto avantajado tirando seu top branco colado à pele para
chamar a atenção do astro.
Newsweek, Artes e Entretenimento, 7/8/00:
Acerca da banda somente de garotas chamada Kittie, o artigo incluiu o seguinte:
...elas reconhecem sua [de um fã] adoração pelos chifres brilhantes
do Diabo... Isto causa uma grande comemoração – Satanás sempre é um que
agrada as multidões. No ônibus, elas revivem o show, se orgulhando de
como chutaram duas garotas para fora do palco por terem mostrado seus
seios para a multidão.
Family Circle, "O Show de Horrores do Rock’n’Roll: O Que Cada Pai Deveria Saber," 1/11/01:
Surpreendentemente, algumas das maiores carnificinas ocorreram em
alguns dos maiores shows, onde se poderia esperar que os profissionais
da indústria de concertos fossem mais vigilantes acerca da segurança:
Foi relatado que quase 10.000 pessoas foram feridas em Woodstock
em 1999 em Roma, Nova Iorque, onde um quase tumulto irrompeu durante a
performance do grupo de hard-rock Limp Bizkit. Três mortes e vários
estupros também ocorreram entre a multidão de quase 200.000 pessoas...
[Em Maio de 2000] mais de 900 pessoas foram feridas na 93XFest em
Float-Rite Park em Somerset, Wisconsin. Artistas, locutores do show e
celebridades convidadas incitavam as mulheres a se despirem e suas
imagens nuas eram projetadas em grandes telas. Três mulheres disseram à
polícia que foram estupradas durante o festival de três dias...
[Falando dos perigos das agressões durante os show, quando os
espectadores chocam-se uns contra os outros propositalmente] Cory
Meredith, proprietário da empresa de segurança Staff Pro em Orange
County, Califórnia, coloca muito da culpa nos próprios artistas. “A
violência”, ele diz, “poderia ser interrompida, mas parece como se ela
fosse parte do show, então eles permitem que ela continue.”
Estas citações (admito que foram um esforço para “acabar” com o
assunto) não foram escritas por pessoas necessariamente cristãs . Tomadas isoladamente,
qualquer uma delas deveria levar um cristão renascido a ficar preocupado
acerca da propriedade em utilizar tal música; tomadas como um todo,
elas oferecem uma condenação devastadora da música rock e todo o cenário
associado a ela. Adicionalmente, poderíamos notar que as citações
falam, principalmente, da sexualidade descarada da música rock; elas não
falam tanto acerca da celebração das drogas, da violência e do
“Satanismo” – sendo que todas essas coisas também são comuns nesta forma
de música.
Alguns podem desejar argumentar que o que apresentei acima é
claramente um cenário pessimista, o que alguém ouve comumente é muito
menos objetável. Qualquer pessoa que esteja sentindo desta forma deveria
saber que em uma apresentação deste material em 2002 um jovem que havia
acabado de vir do cenário do rock apresentou voluntariamente a opinião
de que este quadro representa “somente a ponta do iceberg”.
Tem se tornado comum em épocas recentes para muitos cristãos afirmar
que a música rock pode ser “cristianizada”. Eles afirmam serem capazes
de remover os elementos objetáveis da música rock, de forma que ela pode
ser transformada em uma ferramenta útil para o evangelismo e adoração.
Dadas as descrições do cenário do rock apresentadas acima, isto é
realmente possível? Deve ser recordado que mesmo os autores seculares
falam de
“ritmos sexuais simulados do rock and roll”e que Michael Jackson agarra seus genitais porque “Sou um escravo do ritmo”.
Então, com o que se parecem os ritmos na música rock “cristianizada”?
Eles são realmente diferentes em algum aspecto daqueles usados na música
rock “normal”?
E note este comentário pela especialista em legislação constitucional
Kathleen Sullivan sobre a questão de remodelar a música rock:
Você não pode tirar o sexo do rock-and-roll ou do
rhythm-and-blues. Verdadeiramente, a qualidade da mistura abrange uma
área muito ampla. As letras do Live Crew são rudes, vulgares e diretas.
Elas não podem segurar uma vela para as letras de duplo sentido e sutis
insinuações infinitamente mais inteligentes das canções mais antigas e
mais sexualmente sugestivas (Martha Bayles, Hole In Our Soul, p. 349).
Aqueles que acreditam que a música rock possa ser “cristianizada”
pela substituição das letras por letras melhores também deveriam notar a
seguinte citação do Washington Post:
Paul McCartney, originalmente um membro dos Beatles a um artista solo desde os anos 1970, disse ao Washington Post:“A mensagem não está na letra, mas na música” (Citado na Adventist Review, 10/30/97).
Se a mensagem está “na música” – primariamente no ritmo – e não na
letra, como acrescentar letras “cristãs” à música rock poderia torná-la
mais aceitável? Eu afirmaria que o termo “rock cristão” é simplesmente
um oximoro.
Também devemos perguntar, É realmente possível utilizar o jazz ou o
rock sob quaisquer circunstâncias e ainda dizer “Senhor, o que queres
que eu faça?” Estes estilos de música representam aquilo que é santo, o
que é puro, o que é amável? A influência destes estilos de música nos
ajudará ou atrapalhará em nossa batalha
“contra os principados,
contra as potestades, conta os príncipes do mundo destas trevas, contra
as hostes espirituais da iniqüidade nas regiões celestes.” (Efésios 6:12)?
Notas do Tradutor
(*) Ao dizer "a palavra com 'F'", o autor refere-se a
uma palavra da gíria em inglês (a qual me abstenho de grafar aqui) que
denomina de forma vulgar o ato sexual. O português possui uma gíria
correspondente, mas que é ainda mais vulgar e chula em nossa cultura do
que a palavra citada pelo autor é na cultura americana.
(**) Uma tradução livre e atualizada desta expressão, por uma expressão utilizada atualmente em Português seria “rala e rola”.